O Segredo da Vida é a Morte, O Segredo da Morte é a Vida.
O que seria em suma, a vida?
Aquela que para a morte caminha
Ou aquela que sutilmente respira?
A vida, em seu sentido, outra vida cria
Mas a vida não da vida nasceu necessariamente.
A vida em seu fluir, para as ruínas da morte caminha
Mas a morte inerte, jamais para vida recria.
Mas se a vida, ao morrer, se torna o que não vive
E a vida foi vinda de algo que não viveu.
Como pode ser a vida os anos curtos que prometeu
A morte, após a vida, aguardando o apogeu?
Como pode ser a morte a chegada da não vida
Se esta mesma, insolente, para a vida a luz deu?
Ser a morte, ser a vida
Ser o morto que viveu.
Ser a vida, ser a morte
Ser a vida que já morreu.
Tanto faz se morro ou vivo
Se vivo, morro ao sofrer.
Se morro, vivo ao nascer
Após a vida, é só a morte e só me resta esperar
Porém, ante a vida, a morte vinda não consigo recordar.
Se estou vivo, após morto saberei que eu morri
Mas se estou morto, como vivo se não sei como morri?
Porque pensei? porque sorri?
Porque vivi, e então morri?
Será sorte sua a vinda?
Ou mesmo péssima, oh morte linda
Que me irá mostrar-me no final
Que estava o tempo todo morto?
Ou será esta a chegada minha
Ao limiar de minha vida?
Será este o pesar
Que me impedira de viver?
Se esta charada matar, honrado será
Pois com a vinda da morte
Ou mesmo com a morte da vida
Sua consciência lhe dirá.
Que foste o ser vivo
Ou mesmo o não ser morto
Mais contente e satisfeito, esse tempo todo
Em que, de certo, não sabia
Se estava vivo ou morto.
Haveria para a vida um limiar?
Ou mesmo para a morte um findar?
Tais questões sucumbirão quando não seres
Mais a morte o segredo da vida
Tampouco, a vida o segredo da morte.