Gênese

Sinto o desconforto

Da rápida inspiração,

Da expansão do tórax

E o peso do ar

Invadindo meu pulmão...

E saindo no grito alto

Do primeiro choro.

Salto da maciez silenciosa,

Do silêncio atenuado,

Desta gravidade diminuída

E sinto o peso da existência

Comprimindo meu corpo

E dificultando meus atos.

Quanta agonia das luzes

Que atingem minha retina,

Como um flash de raios

Que me acordam da escuridão

E me escravizam ao olhar.

Temo pelo instante

Quando o fluxo do ar

Novamente será doloroso

E o peso do corpo

Me prenderá ao leito...

E aos poucos os raios

Sobre minha retina

Desaparecerão...

Acordo e adormeço

Nesta intensa vida

Pela mesma dor...

Fui salvo pela amnésia

E pela consciência

Que agora se findou...