MANÍACO DO PARQUE
Morde aqueles seios desconhecidos,
Descobre o veio que borbulha a vida
Que lhe falta na sepre apagada
Existência de ódio e omissão.
Para ele, a moça não era vítima.
Era presa, pela consequência,
E o toque asqueroso sobre ela
Emprestará notoriedade ao lobo
Que habita as estepes do homem
(Regressar se tornou impossível,
Ou impróprio, para ambos,
Visto que nada detém o avanço
Das horas que lhes fogem do controle).
Ao final, a mata recebe o cadáver violado,
Destinado à putrefação anônima.
Se havia centelha naquele corpo,
Não brilha mais. Lastro perdido e abortado!
Restará um monturo perdido entre samambaias,
Engolido pela terra que o ampara...
Carniça-adubo coberta de insetos,
Vermes e silêncios.
...
O homem se veste lentamente,
Despindo-se do monstro saciado.
Caminha macio, pele corada, olhos de anjo
Embaciando a alma de demônio.
Asa mal parida de Deus
Que mal se cabe sob o manto
Da inocência irredimível,
Entanto acalentada pelo pecado.