MANÍACO DO PARQUE

Morde aqueles seios desconhecidos,

Descobre o veio que borbulha a vida

Que lhe falta na sepre apagada

Existência de ódio e omissão.

Para ele, a moça não era vítima.

Era presa, pela consequência,

E o toque asqueroso sobre ela

Emprestará notoriedade ao lobo

Que habita as estepes do homem

(Regressar se tornou impossível,

Ou impróprio, para ambos,

Visto que nada detém o avanço

Das horas que lhes fogem do controle).

Ao final, a mata recebe o cadáver violado,

Destinado à putrefação anônima.

Se havia centelha naquele corpo,

Não brilha mais. Lastro perdido e abortado!

Restará um monturo perdido entre samambaias,

Engolido pela terra que o ampara...

Carniça-adubo coberta de insetos,

Vermes e silêncios.

...

O homem se veste lentamente,

Despindo-se do monstro saciado.

Caminha macio, pele corada, olhos de anjo

Embaciando a alma de demônio.

Asa mal parida de Deus

Que mal se cabe sob o manto

Da inocência irredimível,

Entanto acalentada pelo pecado.

Paulo Pazz
Enviado por Paulo Pazz em 30/08/2015
Código do texto: T5364665
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