Urbanidade

Despertando cansado e sem vontade

As dores que me ferem com claridade

A indiferença andando com a possibilidade

Que valoriza a quantidade versus a qualidade

Os despossuídos das ruas não ferem minha humanidade

O menino abandonado não fere a minha identidade

Dos vidros que possuo pela cidade

Transmito a frieza rejuvenescida da urbanidade

Que constrói muros com praticidade

Que escolhe a quem dar as oportunidades

Que acerta nos outros a enfermidade

Ludibriando a vida com conformidade

Entendendo miséria e pobreza como continuidade

Olhos altivos e mãos sujas de cumplicidade

Olhos sombreados e unhas pintadas de vaidade

Cortejando o solitário mundinho da sociedade.

Henrique Rodrigues Soares – Canibais Urbanos