Viés democrático
Quanto civismo, quanta honestidade,
esbanja a doce elite brasileira.
Há homens probos postos em fileira
por todos os balcões da probidade:
aos sábados, domingos, sextas-feiras
do malte, do tanino, da cevada...
das mesas privativas na calçada,
dos tocos de cigarros, da sujeira...
E o homem probo, sua majestade,
saúda um amanhã a cada dia:
come discursos, faz filantropia...
e, assim, se diz um homem de verdade.
Quanto civismo cabe na carteira
dessa gente granfina e educada,
que ri da velha insípida piada
do pobre que morreu de caganeira,
do pobre que morreu analfabeto,
do pobre que não teve educação,
do pobre que caiu da construção
por não achar a mão do arquiteto.
E o probo, no seu sonho mais secreto,
pensa como roubar sem ser ladrão.
Quanto civismo, quanta honestidade,
esbanja a doce elite brasileira.
Há homens probos postos em fileira
por todos os balcões da probidade:
aos sábados, domingos, sextas-feiras
do malte, do tanino, da cevada...
das mesas privativas na calçada,
dos tocos de cigarros, da sujeira...
E o homem probo, sua majestade,
saúda um amanhã a cada dia:
come discursos, faz filantropia...
e, assim, se diz um homem de verdade.
Quanto civismo cabe na carteira
dessa gente granfina e educada,
que ri da velha insípida piada
do pobre que morreu de caganeira,
do pobre que morreu analfabeto,
do pobre que não teve educação,
do pobre que caiu da construção
por não achar a mão do arquiteto.
E o probo, no seu sonho mais secreto,
pensa como roubar sem ser ladrão.