Poema oco

Ouço o barulho de um poema sem letras,

cuja cor à penumbra,

ensurdece

e me cega.

Como um piano apócrifo

que a cada nota

se acaba.

Ouço como ser

fosse mais

(muito mais)

do que restar.

É o barulho de um poema oco,

que me curva um verso

(verde e verso)

que varia inacabado,

como menino brincando de homem.

E desse canto,

me resto

(homem e menino)

de um poema lido de olhos fechados,

que ao verso soa avesso

mas aos encantos,

sobra.

nesse infinito

de sempre querer esconder de mim mesmo

que as palavras

mentem.