Silêncio

Que não fique para sempre

Que seus instantes não me pertubem

Se caibo no que me concedeste

Não me tome pela candura

Que me abraças como quem deixa livre

Mas me contornas com seus muros

Que a lucidez venha na hora certa

O encoberto faça despir na procura

A insensatez das portas abertas

Não seja observado pelos nossos inimigos

Que fique o grito escrito no papel

Da dor letrada do escritor

Que o sangue do pincel do artista

Transmita vida que sua mente contemplou

Que no casulo da loucura

O perder-se dos sentidos

Na caixa do nada

Venha me acordar de novo

Da obscuridade do desgosto

Para a validade dos sons.

Henrique Rodrigues Soares – Horas de Silêncio

Agosto 2015