O que opta pelo ter morre sem ser.
Mente, suavemente a si mesmo mente,
Aquele que quer ter mais do que sente.
Porque se fia na leda ambição da mente.
E o fiar doma-lhe vida soturnamente,
Que lhe faz crer, que é feliz e contente.
E este segue a caminhar debilmente.
E saciando-se no prazer excludente.
Morre a alma e o corpo, por fim o ente,
Que foi criado para o sentir excelente.
Mas o ter do poder não se fez suficiente.
E apagou-lhe a vida enquanto vivente.
E na hora do fim a alegria se faz ausente.
E então mais uma vez mente, suavemente.
E num sorriso forçado, triste e pungente.
Finge uma alegria que não lhe é presente.
Pois ambição matou o inteiro, eternamente.
(Molivars).