Roda-Gigante

Olhei de fora a roda a girar.
Pensei quão bom seria uma volta eu dar.
Tirei os pés do chão e na roda me pus.
Começou seu giro, algo nela me seduz.

No início senti um frio espinhal.
Enquanto a roda subia, minha vida girava total.
Foi então que ela parou de repente.
E balançou forte, fazendo-me mal.

Enquanto pendulava lá no alto,
pensei em tudo como algo natural.
A roda quando para extremesse,
não senti nada anormal.

Mas ali ela não poderia ficar.
Devia descer para o ponto inicial.
Brusca, impensável, mortal...
desceu depressa...
sem meu preparo, sem meu aval.

Quando parou, respirei profundo...
desci com pés vascilantes, irreal.
Percebi que na roda do mundo,
sou passageiro, e não guia legal.

De fora, no chão da existência,
olhei para roda-gigante, fenomenal.
Pensei então por um instante:
não deveria ter entrado nesta experiência do caos.

Transita em mim dois sentimentos:
o da volta instigante na roda colossal;
mas também permanece o frio,
da espinha, da carne ferida,
frágil, chorosa, puramente mortal.
Photo by F©
Fábio G Costa
Enviado por Fábio G Costa em 20/08/2015
Reeditado em 20/08/2017
Código do texto: T5352837
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