a totalidade desse plano
saí das raízes da terra
com língua de sangue,
olhos de águia e
mãos de anjo...
procurando entender
um mundo que foi surgindo fugaz
ao leve abrir de meus olhos.
mentes me ensinaram a pensar
conforme suas escolhas,
eu fui seus mundos,
pois o mundo que eu era
sempre foi pouco demais
para ser algo concreto.
as luzes ascendiam
ao meu toque,
tudo que observava flutuava
pela força de meu querer,
eu tinha um universo onde eu desvendava
e me descobria novamente,
sou humano, sou fruto da terra
essência do mundo
em que descobri
ser parte de um todo.
abri os braços ao horizonte
por voar em sua liberdade,
mas os homens me deram uma cruz
e a cruz é demasiada pesada,
meus ombros descascam e doem,
oh eu não consigo mais,
mas eles dizem que além sol
existe outro mundo,
outro mundo que posso voar.
eu não vejo o outro mundo,
a não ser o mundo em que estou.
então, o que faço aqui
carregando todos esses pesos?
oh, eu sou humano,
mas quero voar...
por que não posso ter hoje
o que foi prometido amanhã?
eu quero abandonar todas essas pedras
amarradas em minhas patas,
eu quero beliscar todos esses ferros
que limitam o cenário de meu mundo,
eu quero balançar as minhas asas
frente ao mestre cósmico
com seus raios laranjas dardejantes
aos meus olhos,
eu quero a plenitude
sobre o mar e sobre o rio,
eu quero a totalidade nesse plano
em que eu vivo,
porque o além mundo
nada mais é que uma
suposição.