a totalidade desse plano

saí das raízes da terra

com língua de sangue,

olhos de águia e

mãos de anjo...

procurando entender

um mundo que foi surgindo fugaz

ao leve abrir de meus olhos.

mentes me ensinaram a pensar

conforme suas escolhas,

eu fui seus mundos,

pois o mundo que eu era

sempre foi pouco demais

para ser algo concreto.

as luzes ascendiam

ao meu toque,

tudo que observava flutuava

pela força de meu querer,

eu tinha um universo onde eu desvendava

e me descobria novamente,

sou humano, sou fruto da terra

essência do mundo

em que descobri

ser parte de um todo.

abri os braços ao horizonte

por voar em sua liberdade,

mas os homens me deram uma cruz

e a cruz é demasiada pesada,

meus ombros descascam e doem,

oh eu não consigo mais,

mas eles dizem que além sol

existe outro mundo,

outro mundo que posso voar.

eu não vejo o outro mundo,

a não ser o mundo em que estou.

então, o que faço aqui

carregando todos esses pesos?

oh, eu sou humano,

mas quero voar...

por que não posso ter hoje

o que foi prometido amanhã?

eu quero abandonar todas essas pedras

amarradas em minhas patas,

eu quero beliscar todos esses ferros

que limitam o cenário de meu mundo,

eu quero balançar as minhas asas

frente ao mestre cósmico

com seus raios laranjas dardejantes

aos meus olhos,

eu quero a plenitude

sobre o mar e sobre o rio,

eu quero a totalidade nesse plano

em que eu vivo,

porque o além mundo

nada mais é que uma

suposição.

Josué Viana
Enviado por Josué Viana em 15/08/2015
Reeditado em 15/08/2015
Código do texto: T5347370
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