EPILEPSIA
Momentos de Lucidez,
Momentos de Estupidez,
de descontrole emocional
de ser bom e de ser mau.
Segundos..... segundos de aflição
és tu. Vens a galope,
não sei falar, fico sem razão.
Por favor não me toque
deixa-me viver em Paz, minha amada
Não me lembrarei de nada
apenas terei certeza
pelas delicadezas
que deixarás em minhas carnes.
Com dores insuportáveis,
saberei que passastes por aqui.
Muita dor, tenho pavor
mordo-me até fazer sangue
mordo a língua
a parte interna da boca
a que parece ser oca.
Sou teu prato preferido
perco todos os sentidos
mas não me dou por vencido
também luto contra ti
numa luta de Gigantes
mas sempre vences,
isso é constante.
Sou insano.
Bato a cabeça no chão,
nas paredes,
não importa que às vezes
me rasgue, me babe,
ainda não urinei,
mas eu sei é questão de tempo
quanto mais velho
pior será o alento.
Dou gritos desesperados
de dor, de aflição,
sempre tive a sensação
que sempre me dominarás.
Sempre me deixarás,
no chão a mendigar,
fazer chorar à quem mais amo.
Essa é minha sina
meu desengano.
Não posso fazer planos,
nem trabalhar mais,
fico em casa com medo
de que apareças aqui.
Por favor, nunca mais,
não te quero mais aqui..
perto de mim.
Mas não tem jeito
é minha sina.
Finalmente chegas,
me derrubas
me fazes ser um boneco
um nada, mudas o meu aspecto.
Nas tuas poderosas mãos
sou apenas um espantalho,
um pedaço de papel
bailando no ar ao léu.
Tenho vergonha de mim
não me olho.
Abaixo a cabeça, só isso,
meu tempo não desperdiço
sofro calado, te amaldiçoou-o
não te perdoou-o.
Sou teu escravo,
mandas em mim
tenho medo de ti.
Estás dentro de mim,
desde o momento que nasci
já estavas aqui dentro
bem guardado,
dentro do ventre sagrado.
Já estavas lá,
traçando a minha sorte.
Me espreitando, aguardando.
Esperando o melhor momento.
Miserável, Cruel, Covarde,
doença Repugnável,
me tiras o discernimento.
Qualquer que seja o momento
não importa o contratempo
te apresentas
ris pra mim
me fazes ser assim.
Alguém com medo
que muitos tem desprezo,
me julgam um pobre infeliz
não tens cor, não tens matiz.
Epilepsia palavra repugnante
não sei mais o que era antes,
sem passado, sem memória
esqueço a minha história,
apagas minhas memórias
Sou teu, eu reconheço,
mas luto contra ti
todos os dias,
não me dou como iguaria
não tenho preço, Senhora.
A ti tempestade feroz,
que me reviras os olhos,
serras as minhas mãos,
me deixas com a sensação
de nada ser perante ti.
Serras meus dentes,
os quebras, me torces
me amassas, miserável!
Cobra peçonhenta, cascavel
Majestosa Senhora és o meu fel.
Descarga elétrica incontrolável
destróis meu lado afável
me fazes ser escravo,
de parecer indolente
mas sabes o quanto sofro
por seres tão sequente.
Companheira indesejável
nunca sairás do meu lado,
sempre serei teu escravo.
Epilepsia minha companhia,
me visitastes estes dias,
te fiz esta poesia...
te ofereço como iguaria.
Sei que voltarás a me visitar,
de dia, de tarde ou de noite
não sei quando,
este é o açoite,
deixas na alma ferida,
a deixas dolorida,
sem esperança nem guarida.
Amiga de todas as horas
até nas mais prazerosas,
me arrancas com estupidez
deixas a todos atordoados,
tenho vergonha de ti,
tenho vergonha de mim,
de ser assim...
mas és tu insana doença
que sempre marcas presença
quando queres, sem se anunciar
porque dois segundos antes de chegar
não é anuncio é covardia.
Só aí percebo que vens,
talvez hoje neste dia
venhas me visitar.
Não sabes te comportar
me deixas com falta de ar,
com dores, com dissabores
que o tempo não apagará.
Sou teu prisioneiro,
não sei quando virás,
és Estúpida, Indelicada,
de ti não queria mais nada,
que distância e esquecer-te.
Mas ris de mim,
e como num flerte
sorris, deixas bem claro
que voltarás qualquer dia
não sei quando
essa é minha agonia.
Me amas desgraçada
não me trocas por nada
estarás sempre comigo
és minha Eterna Amada.
Minha eterna companhia.
Não penso eu em mais nada
não posso contigo vadia,
prostituta das doenças
que me deixas com aparência
de fingir, de nada ter.
De ser um grande mentiroso,
de ser um ator garboso
que faz suas peças todos os dias.
Vai ao chão de Fantasia
de Vitima Infeliz, Coitadinho
à procura de Carinho.
Mas não, tu é que és a peça.
O Grande Diretor.
Me diriges como ninguém
tiras o máximo de mim,
aumentas a minha dor.
E como se fora inconsequente
parece que não sou doente.
Infelizmente é assim.
Minha Peça, minha vida...
minha vida doente, minha ferida,
e por conseguinte,
serás e és o meu Fim.
NELSON TAVARES