PRESENTES DO TEMPO
O que recebi de ti, tempo,
Foram horas que não esperava,
Aquelas que se encaixam
num fim de tarde ardido
Quando da preguiça, esgueirada,
Mas eram liquidas, escorregadias
Que ao tentar conte-las
Escaparam entre os dedos,
E nem molharam as unhas
Horas miúdas e curtas
Suaves como brisa marinha
Quase indeléveis, adoradas,
Que apenas marcam os momentos
Entre o ontem e o amanhã
Mas bem no canto da pagina,
A fazer orelhas nas folhas
De um livro chamado
Destino.