A GRANDE VIAGEM
Morte a dama negra,
Que chega sem avisar,
Visita o rico e pobre,
Da vida nos vai levar.
Sobre o véu que cobre o rosto,
De quem faz o mal e o bem,
Caridade e o dom mais nobre,
Mas nem todos em seu ser mantêm.
A morte nao está só no fisico,
A maldade igual força tem,
Preconceito é arma certeira,
É flecha que vai e vem.
A morte é uma viagem,
Por ela a matéria vai repousar,
O espirito faz a passagem
Para um outro universo habitar.
Os povos compreendem a morte
Como um caminho que todos hão de atravesar,
Por isso cuidam com carinho
Para o espirito com a aldeia se alegrar.
Nao separam os mortos do lar,
Os deixam em seu convivio familiar,
Protegidos da chuva e solidão todas as noites
Cantam e dançam alegrando a alma dos irmãos.
Morrer é viver,
Continuação da missão,
Mas quando chamados no ritual,
Voltam para um contato ancestral,
Orientam os guerreiros
E os fortalecem contra o grande mal.
Nao ter medo da morte
É nossa maneira de aceitar,
Que ela é um grande barco
Aparecendo em nosso porto,
Atracando sem buzinar.
Oh morte! Vem sem pressa, vem a remo.
Bate forte pra não se atrasar.
No coro da passarada o grito final:
Chegou! Ate logo coraçao.