A GRANDE VIAGEM

Morte a dama negra,

Que chega sem avisar,

Visita o rico e pobre,

Da vida nos vai levar.

Sobre o véu que cobre o rosto,

De quem faz o mal e o bem,

Caridade e o dom mais nobre,

Mas nem todos em seu ser mantêm.

A morte nao está só no fisico,

A maldade igual força tem,

Preconceito é arma certeira,

É flecha que vai e vem.

A morte é uma viagem,

Por ela a matéria vai repousar,

O espirito faz a passagem

Para um outro universo habitar.

Os povos compreendem a morte

Como um caminho que todos hão de atravesar,

Por isso cuidam com carinho

Para o espirito com a aldeia se alegrar.

Nao separam os mortos do lar,

Os deixam em seu convivio familiar,

Protegidos da chuva e solidão todas as noites

Cantam e dançam alegrando a alma dos irmãos.

Morrer é viver,

Continuação da missão,

Mas quando chamados no ritual,

Voltam para um contato ancestral,

Orientam os guerreiros

E os fortalecem contra o grande mal.

Nao ter medo da morte

É nossa maneira de aceitar,

Que ela é um grande barco

Aparecendo em nosso porto,

Atracando sem buzinar.

Oh morte! Vem sem pressa, vem a remo.

Bate forte pra não se atrasar.

No coro da passarada o grito final:

Chegou! Ate logo coraçao.

Márcia Wayna Kambeba
Enviado por Márcia Wayna Kambeba em 09/08/2015
Código do texto: T5340865
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