Natureza morta.

Natureza Morta.

Eu já sentia, com alma contristada,

do horrendo fim, do pavoroso abismo,

que a aguardava, quando, estomagada,

dos meus conselhos ria com cinismo...

E hoje a encontro, sem brios, depravada.

Sexo inteira e a mourejar em vícios.

Rolando atoa, vendendo, a quase nada,

encantos vagos. Baixa e sem princípios.

E ainda tentei salvar o triste trapo...

Alçá-lo à lama em que vivia imersa...

Roubá-lo ao charco em que chafurdava.

Mas não me ouviu o mísero farrapo.

Alma perdida e ao nojo tão conversa.

Escárnio triste que eu já não salvava.

Aécio Kauffmann.

kauffmann
Enviado por kauffmann em 09/08/2015
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