Eu sou...
Não findo
como finda uma árvore,
como finda um rio,
como finda um animal qualquer...
Não evaporo no esquecimento
da ausência de fé
como os anjos,
os mitos,
os deuses...
Apesar de serem eternos...
Eu morro...
Tão certo como eu vivo
No eterno paradoxo de minha fugaz existência,
Sei que um dia,
Num dado momento,
Num piscar de olhos,
Talvez agora,
Enquanto escrevo...
Vou morrer.
A cada sonho,
A cada gozo
A indelével certeza,
A consciência inevitável da morte
Mostra-me que vivo estou
Que sou um Ser vivente
Que vivo,
Que posso ser
Ou não ser...
Se assim eu desejar...
Igual a qualquer homem
Diferente de todos os outros entes
Na possibilidade das possibilidades
Ou na impossibilidade de todas as outras possibilidades
De ser...
Eu sou.