OUTRORA FOMOS, AMANHÃ QUEM SABE

Tem dias que estou desassossegado;

Em boa verdade, esses dias são frequentes;

E a razão para tal enfado;

Prende-se com os artifícios das gentes...

Não consigo parar de refletir;

Nas incongruências que nos adornam;

Dói de mais aferir;

Os pruridos que os humanos a eles próprios causam...

Será em vão,

Me apoquentar com algo insolúvel?

Não vos quero dar um sermão;

Apenas ser verosímil...

Pois então;

Nesta cordilheira sem fim;

O que pensará um mendigo sem pão?

Se tiver meio pedaço, dá-mo a mim...

Enquanto quem tem milhões de centavos;

Não sabe que eu existo;

Ou se o souber, certamente ignora os meus gritos;

Um paradoxo vigente, insisto...

Longe vão os tempos;

Em que se trocavam maçãs por laranjas;

E dizem os néscios;

O progresso nos trouxe novas façanhas...

Sem dúvida que o jovial é apetitoso;

Mas será mais sensato escolher uma majestosa rosa?

Ou um cato tenebroso?

A estética rui um dia, a essência prevalece intacta...

Inundando-me por todas estas questões;

De índole sociológica;

Entendo que a pobreza e as aflições;

São inversamente proporcionais à condição filantrópica...

Onde cada um se encontra;

Pois se vivermos voltados para dentro;

Apenas encontraremos uma alma absorta;

Desvinculada da natureza e seu fomento...

Por outro prisma se nos abrirmos;

À paz da arte universal;

O nosso coração se entrega à vida sem pruridos;

Cogitando um périplo frugal...

Se já leram até aqui;

Consumam mais estas palavras;

Talvez seja pouco o que vivi;

Mas o que experimentei nas entranhas...

Me dotou de uma arquitetura mental;

Que me propõe alcançar o cerne da humanidade;

No seu eixo fundamental;

Será utopia da minha visão ou poderei auxiliar a nossa irmandade?