Contagem.

Minha casa, segue em silêncio.

A TV desligada.

Não desejo ver, nenhuma noticia.

Estou no chão e começa a contagem.

Um, dois, três... As contas chegam.

Mais contas, do que as que rezo.

Nos terços, ou, japamalas e afins.

E as contas crescem, além do que posso contar.

E a contagem, para mim continua.

Eu estou acabado, na lona.

A contagem dos bois, para o matadouro segue.

A contagem, é contínua e constante.

Em meio a tudo, que já contei em vida.

Hoje, não tenho ninguém para poder contar.

Mas, ainda digo, "pode contar comigo!"

Conte me, sobre o seu dia.

pensando bem, esqueça.

O que pode me contar de novo?

Afinal de contas, não temos a menor, compatibilidade.

No fim das contas, somos apenas, conterrâneos.

Contistas, sem nenhum conto.

Contidos, em contos que se estendem ao longo do dia.

Um plágio fluente, dos dias.

Um após o outro, eu me perco nas contas.

Graças aos deuses, tenho um calendário.

Ah, os deuses finalmente se cansaram.

Não me querem mais aqui...

Sinto-me mal, muito mal.

Que comece minha contagem regressiva.

Três, dois, um... As contas chegam.

Henrique Sanvas
Enviado por Henrique Sanvas em 01/08/2015
Reeditado em 07/09/2020
Código do texto: T5331594
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