O CORAÇÃO DA MEMÓRIA
Ouvimos todas as noites
A luta que o povo trás,
Na dor de nossa gente,
As marcas que a vida faz.
Pela doença reduzidos quase fomos
Mas a identidade não deixamos de afirmar,
A aldeia parou por um instante,
Pra pensar e uma estratégia encontrar.
No silêncio está nossa sabedoria,
Que a velhice nos vem apresentar,
Ouvindo desde o indígena ao branco,
Aqui chegando pra falar e escutar.
Desde pequeno já aprende o indígena
A conviver sem destruir o seu lugar,
Tendo orgulho da aldeia mãe amada,
Pela escrita a literatura vai contar,
As narrativas de nossa aldeia,
O tempo de nossa historia,
O canto que sai do coração,
O coração da nossa memória.
No livro desenhamos nossa letra,
E a criança na escola vai estudar,
Aprender sobre sua cultura,
E o preconceito vai com firmeza driblar.
Aceitando sua identidade,
Vai conviver com a multiculturalidade,
No bom viver de cidadão,
Entendemos que somos um todo,
Pra que tanta desunião e discriminação?
Basta olhar para o céu
E as estrelas apontarão a direção.
Poema: Márcia Wayna kambeba
Foto: Márcia Wayna Kambeba