SE EU SOUBESSE
SE EU SOUBESSE
Ah, se eu soubesse
Escrever uma prece
Dedicaria a ti
Que nunca vi
Mas sei
Que estivestes
Estás
E estarás
Sempre por aqui
Acredito em ti
Porque admiro o firmamento
Seja azul ou plúmbeo
Repleto de nuvens
Ou róseo dos arrebóis
Admiro a flora
Com seus verdes
E suas multicoloridas flores
Seus frutos suas sementes
Suas espécies rasteiras
As altaneiras
Admiro a água
Que é essência de vida
Ou tristeza de morte
Que salgada ou doce
Espraia-se por quase tudo
Admiro a terra
Esta terra
De tantos passantes
De inúmeros pisares
De fonte de fecundação
De esconderijo dos que se vão
Admiro astros e estrelas
E mesmo que a maioria não possa vê-las
Lá estão em sol
Brilhando em lua
Em noites prateadas
Em universos incógnitos
Em mistérios não desvendados
Admiro animais
Racionais e irracionais
Em suas parições
Decisões, traições
Bondades, maldades
Dúvidas, incertezas
Feiuras, belezas
E por isso tudo
Admiro a ti
Que nunca vi
Que és chamado Deus
Ou outro nome que se queira
Que és implorado a todo instante
Por gênios e ignorantes
Cobrando por tua presença
Mas será que não enxergam ao redor
Não veem céu, terra, água, fogo
Ar, que não veem mas sentem
E estás aí nessa montanha de coisas
Que resumem teu estar
Tua onisciência
E fizeste-me em carne e osso
A semelhança ao colosso
E eu pó de poeira
Sem eira nem beira
Sei que
Estivestes
Estás
E estarás
Sempre por aqui
E vejo-o todo santo dia