Ébrio
Portel, 28 de abril de 2015.
À noite naquela praça
Com aqueles problemas
Eu tava amuado
Os filhos dor de cabeça
Será que não acordam?
No trabalho um nó tático
Que dinheiro apertado
De repente parou em frente
Um ébrio desajeitado
E disse:
"Pessoa cidadã
Eu canto os raios da manhã
E minha reza não é vã
Ali tem uma estrela
Não é bela?
Eu acho bela"
Só o que faltava um poeta
Maltrapilho um boneco
Testa de um suor
De um delirium tremens
Sua língua enrolada
Dialeto povo antigo
Tão atual do que preciso
E assustou - me o elogio
"Gentil homem solidão
É ouro a sua atenção
A loucura me foi o padrão
Ali tem uma donzela
Naquela estrela
Não podes vê - la?
A mão da ganância
A face da intolerância
Deprimiu - me a ânsia
Aqui tens um ébrio
Cheio de tédio
Quem leva a sério?
Ouça esta voz amiga
Olhai a formiga
Que só ao trabalho destina
O que és homem?"
Foi - se o ébrio assim
Tchau ébrio
Cambaleando ali
Tchau ébrio
Recita versos sem fim
Foi - se o ébrio
Alertado eu me vi