O Silêncio das Reconstituições Intermináveis.

Era madrugada.

Os espíritos encontravam o mundo das estátuas.

Genialidades em cimento presas ao deserto.

Um dos sábios disse consigo mesmo.

Tive muita sorte em existir.

Um privilégio.

De ter linguagem e pertencer ao homo sapiens.

O mundo seria tão diferente.

Bastaria não ter nascido.

Tudo seria como nada tivesse existido.

Seriam apenas as não significações.

De um olhar triste e melancólico.

Esperando a fluência do ar.

O instante tão somente a infinidade.

Mas como tive a sorte de existir.

A existência de tudo é a minha percepção.

Mas quando eu deixar de ser.

As coisas cessarão suas existências.

Sendo que não mais existo.

Para entender o que as coisas serão.

Então os segredos silenciarão.

No abismo da infinitude.

A única realidade possível.

A constituição da antimatéria.

O antes voltará a ser.

O que sempre fora a priori.

A formulação da inexistência.

Restarão então aos universos contínuos.

Os sonhos reprimidos.

Enquanto isso os desejos desaparecerão.

Em uma noite profunda.

Intensamente escura.

Sem proximidade com a madruga.

A esperança de renascer o sol.

Entretanto, a energia de hidrogênio exauriu-se.

Restará ao infinito conglomerado de gelo.

O princípio do reinício das revoluções químicas.

Os deuses desapontados transformarão em estatuas de neve.

Mas sem a existência sapiens para a contemplação.

Professor: Edjar Dias de Vasconcelos.

Edjar Dias de Vasconcelos
Enviado por Edjar Dias de Vasconcelos em 17/07/2015
Reeditado em 17/07/2015
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