Velório
Ave-Marias e abraços,
flores, choro, comoção.
O amigo já no espaço...
As flores murchas, um cão
que entra e sai, sem razão.
As velas na cabeceiras
em seu franzino luzir.
Imagem da padroeira,
um pigarrear e um tossir...
Uns olhos lacrimejados...
Amigos a ir e vir...
Voz sussurrada, lembranças...
Um porto, aceno, um adeus...
Muito do que sequer vemos,
visões de mil corifeus...
Desespero, fé, e ais,
alguém que não volta mais
e a vida que obriga o fim!
O morto na sua tumba...
As ambições que nos sugam...
A corrida contra o tempo...
Um depois, o esquecimento...
Um perder-se no vai e vem,
quem lembre, por fim, ninguém!