Velório

Ave-Marias e abraços,

flores, choro, comoção.

O amigo já no espaço...

As flores murchas, um cão

que entra e sai, sem razão.

As velas na cabeceiras

em seu franzino luzir.

Imagem da padroeira,

um pigarrear e um tossir...

Uns olhos lacrimejados...

Amigos a ir e vir...

Voz sussurrada, lembranças...

Um porto, aceno, um adeus...

Muito do que sequer vemos,

visões de mil corifeus...

Desespero, fé, e ais,

alguém que não volta mais

e a vida que obriga o fim!

O morto na sua tumba...

As ambições que nos sugam...

A corrida contra o tempo...

Um depois, o esquecimento...

Um perder-se no vai e vem,

quem lembre, por fim, ninguém!

ANA MARIA GAZZANEO
Enviado por ANA MARIA GAZZANEO em 16/07/2015
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