Do amor proibido
És porto de um sonho desperto
que sempre me finge chegar.
Com tuas vestes rotas e teu dorso casto,
chegas travestida de manhã
e finges toda a beleza do mundo.
E quando flores foste noite,
pudera-te ao menos perfume,
a clarar-me no ajeito da lua;
dessas que chama
e engana o apressar.
Pudera-te ao descuido da noite,
corromper-se à beleza da flor:
se aceito o que fingir ser belo
é porque vivo da sombra do amor.
Desses que chama,
que seiva o corpo santo,
que escorre,
derrama,
mas que quando amanhece,
enlouquece de dor.