finalmente, a hora dos fantasmas
virar-se para trás
e olhar novamente
não era a hora
não agora
um dedo na artéria
sem pulso
nenhum calafrio
sem um único som
apenas uma linha
a um passo de cá
a um passo de lá
é preciso pressa em passos largos
um pouco de sorte
a liberdade dos sofrimentos
separar um pouco de caos
um arrepio pela espinha
virar-se para trás
e olhar novamente
no meio da escuridão
o silêncio é de um tempo imenso
O eco faz o eco
de eco
em eco
marcando o compasso do vazio
olhar para si sem barulho
depois que os trovões se emudeçam
a chuva caia em silêncio
num sono da única pessoa do mundo
um corpo para repousar num colchão azul
onde não há mais a fome
nem o insaciável devorar de outro cérebro
só um breve aceno de uma estátua
O tempo desmorona as casas
enruga as faces
desbota as cores
é a razão que me mortifica
virar-se para trás
e olhar novamente
é preciso contar dez segundos
um rápido olhar no relógio e não há mais tempo
virar-se para trás
e olhar novamente
é o tempo sem tempo
finalmente chegou para acordar todos os fantasmas
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Tenderly [Walter Gross - Jack Lawrence] - E. Higgins and Scott Hamilton
https://youtu.be/vZx3xgVWFfc
http://interludioepoesias.blogspot.com.br/2015/05/finalmente-hora-dos-fantasmas.html