Lição de vida
Havia um menino correndo.
Correndo pela rua,
correndo de pele nua.
De pés descalços
e cabelos embaraçados.
Não havia quem o acompanhasse seus passos
logo estavam todos cansados.
Abraçado pelos amigos, todos o acolhia
quando não estavam correndo,
andavam e sorriam. Riam de si mesmos.
Quem diria. Como poderia?
Seguiam brincando, apanhando, aprendendo.
Todo dia!
A calçada era pequena para ele
que subia e descia
de pés descalços, cabelos assanhados
e o coração cheio de amor, o corpo transbordando humor e a alma: alegria.
Havia um menino feliz
que dizia: acabou o hoje,
amanhã será outro dia.
De orvalho, de frio, de esperança, de sonho...
Sonho de criança.
Criança que cresce e para de sonhar
porque o mundo lhe diz “não”,
lhe poda...
Tira-lhe a luz e dá-lhe, de graça, a escuridão.
Dá-lhe o medo,
aponta-lhe o dedo.
Tira-lhe o nome e dá-lhe um apelido
Fere-lhe com simples gestos,
Deixando-o constrangido, doído.
Havia um menino...
O menino cresceu.
Há um homem... Podado, tímido, travado.
Calçado, cabelos penteados...
Sem sonhos, sem lutas, sem glória.
Sem amigos pra dividir suas vitórias.
Há um homem que anda,
Correr já não faz parte do seu diário...
Um homem que não dança ciranda
e não toca viola,
seja na escadaria ou na varanda.
E na rua não joga bola.
Há um homem que ler, que escuta, que ver.
Que quer uma estrada pra percorrer e sonhos realizar,
há muitas coisas pra resolver, pra decifrar.
Há que olhar para dentro de si e reconhecer:
“Eu sou eu”.
Pra valer...
“Você é você”.
Não venha me confundir nem me fazer sofrer.
Não desvie minha rota, para onde desejo ir.
Eu sou eu, você é você!
Estou acordado, acelerado, ou até parado, mas ajudado.
Descobri que assim
tenho um amor eterno,
encontrado em mim.
By JL, em Jul/15