Uma parábola para Rimbaud
E, ao parir as dores da costela,
olhou pra Deus, com olhos de Adão,
e desnudou com sua própria mão,
de todas criaturas, a mais bela.
Até o Pai sentiu vergonha dela,
e se escondeu, por trás da onipotência,
e fez Adão ter plena consciência
do pecador que ora se revela.
E ele e Deus, em santa comunhão,
a despojaram (como de costume),
por conta da inveja e do ciúme,
dos dotes conjugais da criação.
Adão morreu (com sua geração)
e a deusa nua, coberta de luto,
adormeceu à espera do indulto,
que desse fim à vil escravidão.
Até que um noviço vagabundo
veio quebrar seu luto secular,
e o mundo desde então pudesse olhar
à luz do novo olhar do novo mundo.
Fez da beleza o pomo mais fecundo
e assim reescreveu a profecia:
tornou o verbo escravo da poesia
e a poesia, Senhora do mundo.
E, ao parir as dores da costela,
olhou pra Deus, com olhos de Adão,
e desnudou com sua própria mão,
de todas criaturas, a mais bela.
Até o Pai sentiu vergonha dela,
e se escondeu, por trás da onipotência,
e fez Adão ter plena consciência
do pecador que ora se revela.
E ele e Deus, em santa comunhão,
a despojaram (como de costume),
por conta da inveja e do ciúme,
dos dotes conjugais da criação.
Adão morreu (com sua geração)
e a deusa nua, coberta de luto,
adormeceu à espera do indulto,
que desse fim à vil escravidão.
Até que um noviço vagabundo
veio quebrar seu luto secular,
e o mundo desde então pudesse olhar
à luz do novo olhar do novo mundo.
Fez da beleza o pomo mais fecundo
e assim reescreveu a profecia:
tornou o verbo escravo da poesia
e a poesia, Senhora do mundo.