Renascimento

Tanto gritou, que a rouquidão se instalou,

E junto dela, o silêncio, também reinou;

Num jogo imprevisível, de olhares, calou,

Enquanto as palavras, o vento assim, levou.

E veio a chuva, lavou os instantes, purificou,

Lágrimas frias e quentes, a vida ali, misturou;

A matéria se desfazendo aos poucos, envergou,

E os sonhos, outrora belos, a noite os tragou.

E a bebida sorvida em taças de vidro, amargou...

O céu da boca da noite, até que manhã despertou;

Meio sonolenta, pensando que era noite, bocejou,

Então percebeu, que o poema em versos aflorou.

E se fizeram flores, onde antes eram somente dores,

Coloriram a vida dos seres, e renasceram das cinzas;

Brilhantes, não eram mais como a lua que míngua,

Eram agora, como a lua que ilumina tantos amores.