O TEMPO
O TEMPO
O tempo segue na sua inflexível fome,
Alimenta-se de micro, nano, picossegundos, a nós imperceptível,
Implacável, drena nossas energias, juventude, e agilidade de formas sutis,
Talvez dissimulado, seria um termo mais apropriado,
As marcas indeléveis no momento que nos assola a percepção,
Não mais apresentam a sutileza,
Empalidecem a cor e o vigor de nossos cabelos, das madeixas,
Criam sobre a pele que outrora irretocável,
Caminhos como as linhas limítrofes de um mapa,
Não sentem menor remorso e seguem em todas as direções,
Ab-rupto em certos momentos, muitos de nós se submetem ao brilho do metal,
Dor acima de tudo, incontido pela inebriante vontade de dar um basta,
Efêmera mudança e crença que o processo foi contido,
A alquimia parece ser um ósculo de afago para a nossa dor,
Muda-se a matriz desgastada pelos fótons e outros aliados do tempo,
Uma mudança como a utilização de algo de segunda linha,
O vidro e o aço nos revelam a verdadeira verdade, quase rota, a de uma mudança,
Não atrevo a dizer que será holoblástica, mas contém uma quase sobrenatural aparência,
A pergunta surge em nossas mentes de forma avassaladora,
Quem está sendo refletido nesse pedaço da verdade, única, e as vezes cruel ?
Sorte que é ficção a indagação: espelho, espelho meu . . . ?
Uma tortura audiovisual é muito mais eficaz, do que o tormento da lógica ?
A progressão é na realidade uma regressão, um paradoxo,
Aos elementos primordiais, que são apenas matérias-primas, mães, avós...
E o tempo não para, parafraseando Cazuza, uma vítima da fagia do tempo,
Tudo é corruptível, até as rochas, falésias formam,
Dicotomia entre a criação e a mudança sem precedentes,
A finitude é na realidade um adjetivo para nossa vida,
Tempo, o maior material de corrosão,
Alquimia às avessas, irrefutável definição.
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