Musa Inspiração
Perguntei outro dia à Inspiração
Por que ao relento me abandonara
Respondeu-me sem nenhuma hesitação
Que tantas vezes a porta encontrara
Escancaradamente aberta, e, vazio coração.
Calei-me ante tal irrefutável argumento
E lembre-me das visitas que recebera
Houve vezes que ecos ouvia dum sentimento
A que não dei ouvidos e não o transcrevera
Deixando-o preso e causando o atual lamento.
Perdão, Musa, dos poetas tão querida
Por nem sempre atender-te quando à porta
Me bates querendo ser dada à luz da Vida.
Mas é que a minha anda às vezes meio morta
Embora saiba eu, que alivias a minha ferida.
Por isso, aos teus desígnios me sujeito
E quando não me atendes não guardo rancores
Pois sei que no mundo a lei da causa e efeito
É imperativa, como espinhos são nas flores
No entanto, peço: – Acolha-me em teu peito!
Cícero – 24/04/2015