TEXTO
Minha poesia, é uma poesia, já requentada, pão dormido.
Versos velhos, mesmas avarias, mesmas inconformidades...
Mesmos verbos, mesmas rumas em diferentes cenários.
Mesmas vitrines,sons de mesmas vozes, mesmo refrão!
A anunciar o homem, a falar das suas máscaras...
A destampar as bocas de lixo, abstrato da sociedade.
O homem se despe nas peles que cria, irracionalmente.
E há uma poesia absolutamente dúbia em cada ser.
Versos desse celeiro, adjetivações, nos espelhos, espinhos.
Provam do mesmo sal e pimenta, temperando mesmos gestos...
Há vestígios nas cavernas de humanidade,em cada um de nós.
Comemos do mesmo pão, traímos na mesma cachaça.
Derramamos os cálices, nas igrejas, e nos julgamos quites.
Dançamos mesmas inverdades,e cremos falar em nome de Cristo.
E como querer rasgar a lona desse circo,se somos seus atores!
Albérico Silva