Displicente

Às vezes me pego de olhos fechados,

contando as estrelas,

perdido no tempo,

flertando o silêncio.

Às vezes me perco, me escondo, me deixo.

Às vezes me abro,

às vezes me lembro.

Por isso me acusam de ser displicente.

Com toda razão.

Displicente é a cor dos olhos que confunde azul com verde,

excitando o pôr do sol que faz o mar morrer de sede.

Displicente é so querer amanhecer se for pra sempre,

é estrela que nao vem fazendo o céu ficar doente.

Displicente é o arrepio que me faz morrer no beijo,

é pecado que se perde à melodia de um desejo.

Então não venha chamar displicentes meus olhos cansados,

caminhos sao sempre caminhos por mais que errados.

Displicentemente vivo.

Displicentemente amo.