Cortinas
Os vidros dos olhos trocam cortinas
O sim e o não cambiam os assentos;
Ventos idos que varreram campinas,
Agora plantam nuvens, tristes retinas,
Não mais parecem bons; maus ventos...
Nossas insipiências errando os passos,
Guardando ilusões, cansativas rondas;
Aí, o fado rabisca alguns novos traços,
Transparecendo os vidros, antes, baços
De apreciar o oceano à partir das ondas...
Adolescência transita sonhos provisórios,
Por transportar, o corpo, uma alma volátil;
Os mais valiosos se revelando irrisórios,
Desbotam muito, nossos quadros ilusórios,
Se, o abstrato, enfim, se materializa táctil...
A realidade ignora o que sabíamos de cor,
Versando venturas em desenganos cruéis;
Pois, a vastidão restrita ao espaço indoor,
Insinua, o quadro dos sonhos era bem melhor,
Afinal, nele, apenas nós usávamos os pincéis...
Não que a frustração seja assim, coisa trágica,
Na, verdade, forjando experiências até ajuda;
Tampouco uma alma sonhadora é autofágica,
O sonho é uma realidade intangível, mágica,
Que realidade carece, por ser tão carrancuda...