Peste cinzenta (Tuberculose)

O corpo fraco,fétido e prutefato. Contudo, ainda que quase morto, resisto e em desespero sustento-me em tão frágil estrutura esquálida, Amparado em passos trôpegos.

E, se ainda em grande esforço respiro, então estou vivo e nessa sobrevida persisto.

Chagas abertas, odores purulentos em carne pálida e trêmula assisto e num sobressalto avisto negro vulto, estranha figura sinistra

na qual sem pedir licença ao meu lado se deita.

Calada e desafiadora fica à espreita

e na esperança d'um último suspiro se deleita.

Silêncio agonizante profundo

Neste velho quarto úmido e imundo.

Mesmo assim,perto do fim, não me entrego.

Mesmo jogado a solidão, descriminação e traças me nego.

Restando-me apenas o fiel cão sem raça, a quem com eterna gratidão me

apego e em minúsculos momentos

meu sofrimento acalma

aliviando-me compadecido

lambendo velhas e raivosas feridas

não da epiderme doente, podre Esmaecida, mas sim das crônicas dores da alma

nas grandes mazelas da vida

vida em constante agonia

diante deste bacilo letal

onde a resistência é meu drama

e meu lema num esforço descomunal.

jpsantos
Enviado por jpsantos em 01/06/2015
Código do texto: T5262362
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