Peste cinzenta (Tuberculose)
O corpo fraco,fétido e prutefato. Contudo, ainda que quase morto, resisto e em desespero sustento-me em tão frágil estrutura esquálida, Amparado em passos trôpegos.
E, se ainda em grande esforço respiro, então estou vivo e nessa sobrevida persisto.
Chagas abertas, odores purulentos em carne pálida e trêmula assisto e num sobressalto avisto negro vulto, estranha figura sinistra
na qual sem pedir licença ao meu lado se deita.
Calada e desafiadora fica à espreita
e na esperança d'um último suspiro se deleita.
Silêncio agonizante profundo
Neste velho quarto úmido e imundo.
Mesmo assim,perto do fim, não me entrego.
Mesmo jogado a solidão, descriminação e traças me nego.
Restando-me apenas o fiel cão sem raça, a quem com eterna gratidão me
apego e em minúsculos momentos
meu sofrimento acalma
aliviando-me compadecido
lambendo velhas e raivosas feridas
não da epiderme doente, podre Esmaecida, mas sim das crônicas dores da alma
nas grandes mazelas da vida
vida em constante agonia
diante deste bacilo letal
onde a resistência é meu drama
e meu lema num esforço descomunal.