Que pena! Da pena!
Um gato espreita
O pássaro alheio que vaga
Caça alimento
Num lapso de tempo
É vitima protéica felina
No plano de ataque matutino
As vespas perversas
Dispersas e dissimuladas
Espalhadas feitas as penas
No resto do pássaro alado
O sangue jorra
Vermelho igual ao solo
E alguém lamenta
A falta da margarina
Na manhã fria
Chora a perda da velha calcinha
Esquecida num leito ausente
Displicente Constato
Que o sangue é igual ao meu
E pulsa nas veias vivas
As plumas voam
Soltas no vento
Dispersas, intrépidas e entristecidas
Fora do corpo apenado do pássaro
Que pena, apenas mortas, mortas também as penas
É pena, só pena
Lastima e entretêm
Na velha crise que não passa
Contem falta de vontade
Deplora, explora a quem lhe convém