A FORÇA DA MINHA HISTORIA

Na força de cada povo

Que trilha o caminho da informação,

Deixamos na nossa historia,

O registro da cultura, uma forma de continuação.

Pensando na vivência da aldeia,

No enfrentamento da negação,

Na luta em viver na cidade,

Afirmando nossa indianidade.

Muitos anos se passaram,

Minha aldeia já mudou,

Já não ando mais a pé,

Pra minha canoa comprei um motor.

Se o “branco” me vê de roupa,

Logo diz: “descaracterizou”,

Se não sei mais sobre meu povo,

Diz que sou um impostor.

Esquece-se que a realidade

É mais que rótulo e cor,

Pra ser “índio” de verdade,

Só preciso ser quem sou.

A dor de um preconceito

É igual ao de uma mãe a chorar,

Arrancar um filho de seu colo,

É fazer seu coração sangrar até secar.

Vamos buscar apoio na nossa Instituição

Essa vai nos ajudar, que pena, que ilusão,

Falou-me que pra ser “índio” é preciso provar.

Onde tá o teu povo? o teu clã tem que aceitar.

Se tem RANI me apresenta

Pra no censo te colocar.

O que fazer eu já não sei,

Se meu povo não está aqui pra explicar.

Veio o tal colonizador,

Como veneno devastou,

Acabou com os Mapuá,

E no Marajó como guerreira vou falar.

Sou “índia” sim, e o meu povo dizimaram de lá,

Mas trago a força no olhar,

E na cara os traços de quem diz:

Sou Aruães, Formiga, Nhangaíbas,

Aruake, Maruanases, Tupinambá,

Nheengaíbas, Mapuá .

Viveram no Marajó e em meu ser pulsam sem parar.

Bebo a caiçuma da minha historia

Busco fazer do preconceito minha vitória,

Que a dor transformou em negação,

Pelas guerras, epidemias, violência e exploração.

Assim caminham os povos indígenas cachimbando a união.

Márcia Wayna Kambeba
Enviado por Márcia Wayna Kambeba em 30/05/2015
Reeditado em 07/08/2015
Código do texto: T5260828
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.