Cadê o dízimo?
A poesia saiu foi dar um bordejo,
O desejo de escrever ficou comigo;
Persigo motes no escuro, não vejo,
Eis o rato bem distante do queijo,
Outros, sequer ligariam, mas, eu ligo...
Digo, nem posso ligar tema e verso,
Disperso vasculho a um tonel vazio;
nave inspiração voejando o universo,
o lapso do dom nesse anseio imerso,
mirando a vaga do escritor que sumiu...
Alguns objetarão que ainda os tenho,
os poemas, malgrado a alma confusa;
mas, insisto, inspiração cerrou o cenho,
pois esse, e mero filhote do engenho,
me refiro aos derivados de uma musa...
As pobres garatujas que ora, componho,
filhas da inquietação que não descansa;
poesia vera bem sei quando a disponho,
ela costuma andar pelo jardim do sonho,
assentar ansiosa no banco da esperança...
Dadas suas asas o sonho muito abarca,
Pois, rasga alturas, desconhece limites;
Mas, se, com ferro em brasa nos marca,
O desengano, esse mui tirano monarca,
Zera com a esperança, e ficam quites...
Nem sempre o fado nos maltrata a soco,
Entretanto, a gente muito se desilude;
Por mirar no muito e acertar no pouco,
Dez anseios acabam rés do chão no toco,
Até que um, encontre sua plenitude...