Interlúdio
Abriram-se as cortinas, o espetáculo da vida começou
No centro do palco, você, o protagonista desse show
Uma salva de palmas, olhares fixos, o momento é seu
O primeiro Ato está feito e com sucesso, você nasceu
Antes do segundo e último Ato, uma pausa, um interlúdio
As cortinas permanecem abertas, por que tanto repúdio?
Os olhares estão dispersos, ninguém mais presta atenção
Justo agora no clímax você virou figurante, hora de mais ação
No momento mais difícil da peça você constrói sua identidade
Processo árduo e duro, você gagueja nas falas de tanta ansiedade
Nenhum outro ator lhe ajuda, não há ninguém pra contracenar
Você, o palco e a incerta plateia, essa é a hora de improvisar
Na cena mais importante, crescimento do personagem
Dissolveu-se todo sucesso, é necessária muita coragem
Muitos passam este interlúdio interpretando um Pierrot
Pois sabem que poucos vão aplaudir a sua ascensão
Mas muitos irrigaram os olhos e riram quando tropeçou
Toca a campainha, mais efêmero que o primeiro, é o segundo ato
O show acabou tão rápido... é o fim do seu próprio espetáculo
As cortinas vão se fechando e você é o protagonista novamente
Voltam as palmas e os olhares fixos, a plateia se torna presente
Você já passou pelo primeiro Ato e talvez nem se recorde
Não se sabe quando o segundo vai começar, então acorde
Dispense viver um Pierrot no intervalo entre nascer e morrer
A maioria interpreta este papel sem nem mesmo saber
Ineptos... alegre a platéia sempre, como um arlequim
Desse jeito o seu personagem será mais lembrado no fim
Dance, cante, jogue, viva, emocione-se, vibre, chore, ria
Rasgue o roteiro, vire o diretor do seu próprio trajeto, viva
Trace o seu próprio itinerário para sua peça, sem demora
O que te impede de rasgar o roteiro a partir de agora?