Jangada
Ninguém é assim um poço de virtudes,
Que jamais tropeça, erra, não se iludam;
nos cobram por termos mudado atitudes,
os que forjam desenganos e nos mudam...
A corcunda se vê melhor no dorso alheio,
aí, o camelo pode zombar do dromedário;
compramos pasteis ignorando o recheio,
a boa fé é a virtude defeituosa do otário...
A clareza retorna após a noite mais escura,
e a ilusão toda, aparece menos da metade;
a vida nos tratando em forçada acupuntura,
que impõe dores pra afastar da ingenuidade...
Uma sina dura levando algo, outro, nos traz,
Embora, escape, pra maioria dos humanos;
Pois, ninguém navega de crédulo a perspicaz,
Se, não for na jangada fria dos desenganos...