Escalada

Poetar com alma esparsa, difusa,

Eis um clérigo com viés de laico;

Digo; é empresa pesada, confusa,

Falta água pra elevar nessa eclusa,

achar a cor dominante do mosaico...

Na monocromia de um amor latente,

fica mui fácil a inspiração dar a tinta;

na mescla confusa de coisa e gente,

onde o relógio nos acossa pra frente,

poesia some, não “se vira nos trinta”...

Sabe quem a escalada da vida pretende,

que às vezes é mui pragmático o escopo;

se a luz da oportunidade, enfim, acende,

subamos; um dia o Everest se nos rende,

e cravaremos nosso mastro em seu topo...

Pontes sonhadas que demos a desmanches,

Desengano pôs no pretérito para o sujeito;

Até que um novo alento se nos enganche,

A escalada segue desviando avalanches,

E tentando respirar esse oxigênio rarefeito...