REFÉNS

A chuva cai insistente

Inundando o meu coração de saudades

Derrubando encostas de alegrias

Derretendo seculares paredes de orgias

Lavando o corpo de maus sentimentos

Limpando as ruas dos maus destinos

Esburacando um chão mal posto

Nas enxurradas de falcatruas

Levando vidas para outros planos

Enguiçando carros nos seus enganos

Apeando governantes de seus gabinetes

Atolando a miséria no sofrimento

Desabando casas de boas intenções

Desaguando lixo humano nos rios

Destruindo sonhos e desafios

Fertilizando a terra mal pisada

A chuva cai insistentemente

Lavando o meu rosto em lágrimas

Pois aproveito para chorar

As saudades dos meus bens:

Meus pais, o berço querido,

um grande amor e esta vida

Da qual somos reféns.

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Salvador-BA, 19-05-2015.

Alorof
Enviado por Alorof em 21/05/2015
Código do texto: T5249605
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