REFÉNS
A chuva cai insistente
Inundando o meu coração de saudades
Derrubando encostas de alegrias
Derretendo seculares paredes de orgias
Lavando o corpo de maus sentimentos
Limpando as ruas dos maus destinos
Esburacando um chão mal posto
Nas enxurradas de falcatruas
Levando vidas para outros planos
Enguiçando carros nos seus enganos
Apeando governantes de seus gabinetes
Atolando a miséria no sofrimento
Desabando casas de boas intenções
Desaguando lixo humano nos rios
Destruindo sonhos e desafios
Fertilizando a terra mal pisada
A chuva cai insistentemente
Lavando o meu rosto em lágrimas
Pois aproveito para chorar
As saudades dos meus bens:
Meus pais, o berço querido,
um grande amor e esta vida
Da qual somos reféns.
_______________________________________________________
Salvador-BA, 19-05-2015.