SO(L)ZINHO


Ele brilha sob o charco
e no lago com os cisnes
não ouve cantar o galo
nem o sino que retine
Ele adentra pelas frestas
encontra gente dormindo
e também gente disposta
que do banho sai sorrindo
Diante de alva nudez
fica ainda mais corado
escondo-me aqui talvez?
pensa e sai desconfiado
Passa e deixa seu calor
seca as roupas no varal
contra ele; o protetor
contudo, não lhe quer mal
Lauto segue sua ronda
mas se cansa de brilhar
abre alas pra redonda
que faceira quer entrar
Assim sua cor desbotou
deu a vez ao novo lume
foi a noite que chegou
há no ar outro perfume
Logo o ciclo recomeça
às vezes, ele não sai
sonha sozinho soluça
à espera d´outro eclipse.


Madalena de Jesus