A MENINA QUE BEBIA PALAVRAS
A mocinha derramou
Seu mais cândido silêncio
Por entre as prateleiras
Da biblioteca quase deserta.
Queria apenas ler...
E a tolerância
E a ausência de público.
Queria apenas ler...
Não queria ninguém
En passant por ali.
Queria apenas a mudez
Das palavras mofadas,
Sem retoques na alma,
Vagueando por seu vasto mundo.
A mocinha derramou
Seu mais profundo silêncio
Por entre as prateleiras.
E ele se aquietou
Para não assustar as palavras
Que seus olhos bebiam
Com a avidez de quem tem sede.