MOMENTOS (Florescência) Alegria
ALEGRIA
Fila Sabino
Se a alegria invade minha boca
Não a engulo para não escondê-la
Sorvo e a sucumbo sem rompê-la
Para não feri-la e não sofrer ao protegê-la!
Trinco e tranco os dentes com veemência
Para senti-la e contê-la sem ruína
Afogo-me no fôlego da imprudência
Se no imo meu desejo é dividi-la!
Abster-me ser uno em sua gandola
Resta-me, por tamanha felicidade
Saber-me audaz se me consola
Vivê-la pleno e dividi-la em deidade!
Oh! Alegria, meu sonhar
Se em riso ainda morra por capricho
Resignar-me hei chorar por isso...
Folgo-me abraçá-la, submetê-la
Mesmo se em explodir em mim insista!
E, se suplico-me clemência
Se não me faço egoísta, tosco
É que dói sorriso num só rosto...
Flamejante e festejada pelas praças
Quero-lhe solta, forra, sem mordaça
Mitigante aguardente pelas goelas...
Quero-lhe livre, invadindo todas as bocas
Louca, graciosa e singela
Quando eu quebrar minha vidraça
E soprar-lhe para o mundo da janela!