CASTELO ENCANTADO
A inquietação das primeiras primaveras
De menina mulher
Floriu de beleza e cegueira
Meu coração.
Ele vivia num ritmo descompassado
Pelo burburinho das cidades grandes
Sonhava contemplando
O horizonte distante
Como gozar dos prazeres do mundo.
Não ouvi os sábios
Conselhos como gostas de mel.
E a noite venceu
Minha natureza rebelde.
Desde esse dia
A madrugada de dor
Chegou cruel
Corrigindo minha paisagem interior
Destruindo um por um
Dos castelos feitos no ar
Eu senti o vento frio
Da inimizade, do abandono, da injustiça
Da miséria, e da solidão....
Que aos poucos
Dilaceraram meu coração
De olhar jovem e lúcido
Casei-me com a dor
Anjo bendito de Deus
Que derramou em mim
Sua estranha claridade...