Consciência arisca

Dádiva é ter como inimiga minha própria consciência.
Travamos batalhas homéricas...
eu e ela, ela e eu.
Supapos e brados não são ouvidos,
afinal, brigamos com classe.
Não alteramos a voz, nem mesmo atiçamos gestos.
Ela me olha de lado e eu esnobo sua posição vencedora.
No ar quente das lutas travadas
tento ser falso - e percebo que o sou.
Não com minha consciência, mas comigo mesmo.
Então tento ser gentil. Aproximo-me.
Ela esnoba por sua vez.
Peço desculpas e ela acata com sabedoria.
Abraçamo-nos e nos tormanos um.
Ela é tudo o que tenho.
Eu sou apenas seu reflexo.
Admitir que dependo dela me faz sofrer.
Gostaria de ser independente.
Quando digo isso ela, me olha com superioridade.
Surrura lá no fundo de minha alma:
"Sou apenas o que você quer que eu seja - a verdade".
Aí fazemos as pazes de vez.
Ela dorme dentro de mim e eu a acolho por ser parte de mim.
Enfim adormecemos, aguardando nova briga.
Fábio G Costa
Enviado por Fábio G Costa em 21/04/2015
Código do texto: T5215484
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