Na praça da Cruz
A praça está silenciosa; ali se repousa a manhã. Indolentemente envio os meus cantos para o seio da suave frescura, Como enxames de pombos para o azul Depois torno a chamá-los Para prender mais uma rima às suas penas. Ó minha felicidade! Ó minha felicidade! Calmo céu, céu azul-claro, céu de seda, Planas, protetor, sobre o edifício multicor De que gosto, que digo eu?... Que receio, que invejo... Como seria feliz bebendo-lhe a alma! Parasita ? Alguma vez lhe devolveria? Não, não falemos disso, ó maravilha dos olhos! Ó minha felicidade! Ó minha felicidade! Severa torre, que impulso leonino Te levantou ali, triunfante e sem custo! Dominas a praça com o som profundo dos teus sinos... Se, como tu, eu ficasse aqui, Saberia a seda que me prende... Ó minha felicidade! Ó minha felicidade! Afasta-te, música. Deixa primeiro as sombras engrossar E crescer até à noite escura e tépida. É ainda muito cedo para ti, os teus arabescos de ouro Ainda não cintilam no seu esplendor de rosa; Resta ainda muito dia, Muito dia para os poetas, fantasmas e solitários. Ó minha felicidade! Ó minha felicidade!