O outono amarela o poema
O outono amarela o poema,
que desfolha aos meus ombros.
Tenho os olhos puídos nas beiras
e um abrir acanhado.
Moro passos, lentos passos;
tenho comboios de coisas e gentes.
Sou do oco que ladeia
a tontear o rumo;
flor que vicia o cheiro;
incesto do mar com o rio,
mas sou acima de tudo e do mundo, passageiro.
o outono amarela o poema,
mas jamais o poeta.