A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DE NÃO SER  (Parafraseando, até certo ponto, o título do livro de Milan Kundera, cuja imagem ilustra este meu poema) 

                  REPUBLICAÇÃO - Poema de 2010



Este momento é só meu
dele ninguém mais sabe
nem eu.


Estrangeira aqui e em toda parte
como o Pessoa
e não como o Pessoa
nunca estou onde estou
nem estou onde não estou.


A tarde escoa morre
inteira fora
não depende de nada
nem de ninguém
como eu não dependo de mim.


Parece que estou a árvore
na praça em frente
mas não estou a árvore
na praça em frente
nem me pareço com alguém
que olha pela janela
a árvore na praça em frente.


Na janela se projeta uma sombra
Da árvore?
De mim?
Cegueira sem transcendência.


A noite caiu
e não quebrou
esta insustentável leveza
de não ser.