ALGUMAS SEXTILHAS

Às vezes, sinto alguma dor,

na carne que em vida dói;

mesmo sendo uma dor menor

de dada chaga que me corrói;

embora saiba que a dor maior,

é a da alma que mais destrói.

Não sinto a dor que invento,

por não ter mais o que perdi;

tão nobre é o meu sentimento

achando alívio contemplando o colibri

haurindo o néctar da flor no rebento,

se mais não tenho a dor que senti.

Se me dói, às vezes, a carne mortal,

é porque passo por doridas provações;

a dor eventual que sinto na alma imortal,

é fruto de minhas vis imperfeições;

mas o bom senso me conduz ao bem moral,

tão essencial às minhas benévolas depurações.

Não quero à minha alma, a dor que violenta,

movida por ações nocivas ao meu bem-estar

espiritual; quero a arte de escrever, que me alenta

do canto lírico suficiente para me encantar;

mediante esse estro, que muito me acrescenta,

sobretudo em valia moral que possa me edificar.

Não há dor que perdure na alma que se edifica,

após a correção das várias faltas cometidas;

sempre vale a pena para a alma que se dedica,

ao amor, ao bem comum, próprio das almas bem-queridas;

sendo que, a dor, oriunda do mal que a alma pratica,

pode-se revertê-la em alívios morais nas etapas evoluídas.

Não sinto assim, a dor que não cabe nessas sextilhas,

tão oportunas ao meu bem-estar de poeta inspirado;

decerto, noutro momento, continuo meu canto em redondilhas,

não de dor, mas de alívio, por sentir-me tão edificado;

porquanto, essas líricas sextilhas rimadas, são maravilhas

poéticas que sempre aprimoro em meu espírito abençoado.

Adilson Fontoura
Enviado por Adilson Fontoura em 10/04/2015
Reeditado em 27/02/2018
Código do texto: T5202016
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