QUERO A TERNURA
Quero viver
devagar,
Para poder sentir a solidão.
Para poder sentir o Infinito
nesta solidão.
Quero viver devagar, sim,
Para poder sentar-me à sombra
de uma árvore,
E brincar com as crianças.
E sorrir com elas.
E amar com elas,
a Vida.
Quero viver devagar
Para poder procurar o meu
Verdadeiro Caminho;
E para poder reter em meu ser
A sensibilidade
E a ternura.
Porque
recuso-me a ter uma alma fria,
apressada.
Podes até julgar-me errada.
Podes também não me compreender.
Mas, deixa-me ser assim:
- De outra maneira,
não aprendi, a viver.
Não apresse os meus passos.
Pessoas correm, em confusão
Buscando coisas,
caminhos,
riquezas,
E não sabem para onde estão indo.
E se pisoteiam.
E tecem intrigas...
E não têm paz.
Existem lágrimas
nos olhos de tanta gente.
Mas, muitos já não as percebem,
E os que choram,
Têm de aprender sozinhos,
a sorrir.
Quero viver devagar
Para poder compreender
a dor,
Sem me revoltar.
Quero viver devagar,
Para poder sentir - sempre -
Que a vida é muito curta
Para que possa ser desperdiçada
Na procura de defeitos
alheios.
Quero viver devagar,
Para não esquecer jamais
Que existem flores no caminho:
- Assim, não atirarei pedras
Quando alguém necessitar
de afeto
e de compreensão.
E quando tiver que partir
Levarei comigo
a ternura
das coisas que foram.
E sorrirei,
E terei cuidados:
- Porque o maior tesouro
estará comigo.
Saleti Hartmann
Professora e Poetisa
Cândido Godói-RS